Isso é só o começo...

Carta aos seres humanos

Enfim, parece que presenciamos mais uma das grandes mudanças pelas quais a Terra já passou. Perseguimos tanto o conhecimento sobre os mistérios do nosso planeta que nos esquecemos que os métodos utilizados para a evolução humana poderiam nos mostrar, “ao vivo”, como nosso planeta reagiria às transformações.

Nossa imensurável busca pelo saber e pela superação de problemas de sobrevivência nos levou a presenciarmos a força de um planeta que pede socorro. Mal sabemos o risco que corremos a cada ato impensado que cometemos contra a natureza. Sim, a situação nunca esteve tão problemática e perigosa.

É preciso parabenizar a raça humana por tantos avanços! Juntos, enfrentamos muitos perigos preservando sempre a família e o clã. Como todos os seres, passamos a observarmos a natureza e assim aprendemos a tirar dela nosso sustento e a continuidade de nossa espécie, mesmo sem ter ainda a consciência do significado da palavra “espécie”. Olhar para a natureza nos ensinou seus ciclos e o fruto desta observação foi o respeito adquirido por ela.

Respeito? O que é isto? Atualmente este respeito não existe mais. Amolecemos, deixamos o fácil tornar nossas árduas conquistas, os grandes avanços tecnológicos, em simples “coisa do passado”. Agora tudo é fácil, inclusive esquecer a necessidade da preservação, da continuidade, da observação. Mas se nos esquecemos de dar um simples “Bom dia” ao motorista do ônibus que usamos para ir ao trabalho, porque nos lembraríamos de preservar a natureza? Ônibus? Não, isso nós também esquecemos, vamos de carro, pois assim chegamos mais rápido! Ocupamo-nos demais com o inútil para nos lembrarmos do essencial.

As piores doenças como o Câncer e a AIDS começam a enfraquecer diante de nossa sofistica ciência e tudo leva a crer que não demorará muito para que estas sejam lembradas apenas uma vez por ano nas campanhas de vacinação. “Atenção! Hoje é dia de vacinação contra a AIDS!!! Traga seu filho!” Pois é, mas será mesmo que chegaremos a este dia, ou pelo menos nosso netos? Gostaria muito que sim, mas da forma como estamos cuidando da nossa “Casa natural” esse pensamento me parece cada vez mais utópico.

É, parece que fomos longe demais sim, não só na ciência e na tecnologia, mas também na destruição do nosso planeta. Nossa sede de evolução e desenvolvimento trouxe com ela a grande capacidade do esquecimento de nossa origem. Vinte por cento da população mundial não sabe o que é fome e tem boas condições de sobrevivência, e o restante? É sacrificado para que tenhamos condições de alimentação, educação e saúde.

Falei em nós? Sim, somos a parcela da população que tem as melhores chances de sobrevivência. E o que fazemos com todo este benefício? Ah sim, claro. “Preservamos” é a resposta! Não desperdiçamos alimentos, colocamos o lixo no lixo e não os deixamos jogados nas classes após o fim de cada aula, não atiramos lixo pelas janelas do ônibus, deixamos o carro em casa sempre que possível e desfrutamos do razoável sistema de transporte público de nossa cidade. Economizamos água e energia elétrica. Separamos o lixo e tentamos conscientizar nossos vizinhos solicitando que façam o mesmo, educamos nossos filhos sobre o consumo exagerado e só compramos novas roupas, sapatos, eletroeletrônicos e carro, claro, quando é realmente necessário, pois somos a parcela beneficiada por boas condições de sobrevivência e fazemos uso do consumo de forma consciente! Será mesmo? Fazemos tudo o que é possível para diminuir o impacto ambiental? Bem, se fazemos parte da população privilegiada porque deixamos que o planeta chegasse tão ao extremo de sua existência como fonte fornecedora de recursos necessários a sobrevivência? Privilegiados sim, mas não totalmente esclarecidos.

Modificamos o nosso planeta sem qualquer restrição e hoje sofremos os primeiros indícios de que não fomos tão bem sucedidos como imaginamos. A raça humana passa a ter seus dias contados, temos pouco tempo. As previsões não são boas, em menos de vinte anos a população terrestre presenciará refugiados do clima, fome, falta de água. Sofrerá com as chuvas em excesso, enchentes, doenças, o calor acontecerá em demasia em determinadas regiões, os desertos impedirão até a agricultura mais sofisticada, os solos não serão mais capazes de gerar vida. Alguns animais serão lúdicas lembranças assim como são os animais pré-históricos para nós atualmente. Podemos imaginar que a vida será difícil, se não impossível.

As catástrofes climáticas previstas influenciarão diretamente no comportamento humano e imagino a intensidade das guerras por território, água e alimento. O caos será a nossa realidade caso não sigamos os exemplos das nações mais conscientes. Porque não aproveitar os recursos inesgotáveis como o sol? Porque o produto da reciclagem é tão caro se ao mesmo tempo é tão benéfico para nós? O que nos impede de mudar o rumo desta história, transformando-a em mais um belo capitulo da experiência humana neste planeta?

O Homem descobriu, recentemente, água congelada na Lua e, tão pronto saiu esta notícia na mídia, começaram as especulações sobre montar uma base por lá. Isso me leva a pensar mais uma vez em “porque buscamos o difícil e o incerto, se temos nas mãos tudo para permanecermos aqui por um longo tempo”?

Fomos capazes de fazermos o melhor pela humanidade e não podemos deixar que por tão pouco nossas chances de permanência na Terra sejam aniquiladas. A destruição chegou ao seu nível mais delicado e agora é a hora de escolher o caminho a seguir. O que deixaras para as gerações futuras? O seu egoísmo e sua imparciabilidade sobre o assunto? Acreditas mesmo que temos muito mais tempo do que as previsões científicas divulgadas pela mídia? A hora é de realmente arregaçar as mangas e trabalhar duro para que juntos consigamos reverter a situação e sermos lembrados pela nação que foi capaz de recriar um planta. Se não fizermos isso não seremos lembrados já que não haverá ninguém aqui para lembrar. (Autoria: ~ hel ~)